Estava numa encruzilhada, entre a espada e a parede, e não sabia como descalçar aquela bota. Também não sabia porque o haveria de fazer.
Era um coiso assim um bocado coiso, cheio de coisas. Um dia, olha, coiso.
Falhou a recepção ao trapézio. Logo hoje que estava a treinar sem rede. Já não recebo este mês, foi o que pensou na breve queda.
Por pouco não amachucava o pára choques. A sorte foi haver um peão entre ele e o carro da frente.
Todos os dias tinha vontade de lhe tocar.
Todos os dias havia um motivo para não ser a altura, a vontade.
Um dia não sentiu vontade de lhe tocar.
Ela sentiu vontade de ter um motivo para ele ter vontade de lhe tocar.
Quando acordava com aquela vontade de ser real o amor sem cara do sonho.
Começou a ver a vida andar para trás. Desviou-se para a deixar passar e seguiu caminho.
Tinha perdido todas as esperanças. Estava aflito. Não eram dele e tinha que as devolver.
Fechava os olhos e via o rosto dela. Um dia não os abriu mais.
Sempre a mesma coisa todas as manhãs. Saía. Fechava a porta. E lá acontecia aquela chatice de se abrir uma janela.
Trocou tudo por ela. Ela trocou-o por nada.